O momento mais assustador do mundo para alguns farmacêuticos.
Quando não assustador, você prefere somente não aparecer e não ter que
convencer um médico que você está certo.
Isso é muito comum e um farmacêutico já experimentou isso,
principalmente quando não tem intimidade com aquele "doutor".
Na residência multiprofissional, você acaba tendo que abordar
quase que um médico diferente por dia, sendo eles desde residentes até chefes
de disciplinas. Que também variam entre o profissional mais legal do mundo e
mais inteligente até o esnobe que não sabe nada.
Com minha experiência de abordagem médica onde o resultado foi bem
diverso (patadas históricas, aprendizados e laços profissionais muito
importantes) resolvi deixar algumas dicas para vocês:
Como já discuti no primeiro post, você tem que sabe o que você é.
O que você está fazendo ali. Qual sua finalidade e o que você pode contribuir
para seu paciente. Este paciente está sendo cuidado por uma equipe, e todos tem
suas atribuições bem definidas. Seja também um profissional de saúde.
Faça direito para poder cobrar dos outros profissionais. Você quer
abordar o médico para falar da prescrição que está faltando diluição? Ou o
medicamento não está ajustado corretamente de acordo com a função renal?
Ok....
Mas você foi ver qual o som da voz do paciente que todos estão
cuidando? Quais são suas dificuldades? Qual experiência subjetiva aquele
paciente tem sobre o medicamento? Você foi ver que na verdade aquele paciente é
mais grave do que a prescrição pode te mostrar e que a equipe inteira está se
dedicando de forma humanizada para a melhora do seu estado de saúde
enquanto você está ali... na frente do computador?
Sei que dói... mas nós temos que mostrar que estamos juntos...
todos nós, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos... tudo pelo bem do
paciente.
Muitas patadas que levei não foram porque o médico era carrasco,
usei isso para aprender a ser um profissional de saúde. Para acordar para a
vida e sair do mundinho remedinho, check list e POP.
Então vou dar um exemplo. (Mais para frente postarei alguns casos
clínicos lindoos que vão exemplificar muito mais o que quero dizer.)
Eu, como uma boa farmacêutica clínica, iniciando nessa área, subi
satisfeita com meu trabalho de "análise de prescrição" para falar com
o médico.
Chegando lá... falei que não poderia colocar "Se necessário"
na prescrição porque era inconformidade, mostrei que a diluição dos
medicamentos estavam errados... e depois falei sobre interações medicamentosas.
Estava tudo indo bem... e todos os dias subia na unidade de internação só para
fazer isso. Até que um dia... o médico veio me perguntar, "olha... nem
vejo você aqui, o paciente precisa de muitas coisas, muito mais do que você
está fazendo. Perco meu tempo arrumando essas coisas que você diz e não vou
arrumar, não vou aceitar sua intervenção! Você nem sabe o que está acontecendo
aqui, como vou mudar minhas decisões confiando em alguém que nem viu meu
paciente?"
Claro né fiquei chocada!!! COMO ASSIMMMMM! VOU EVOLUIR TUDO!!
pensei.
Não está errado pedir para um medico arrumar o que você encontrou
na sua análise de prescrição, mas será mesmo que estamos certos em exigir a
mudança de uma decisão médica, seja ela qual for, se nem estamos envolvidos na
equipe?
Só fiquei perdida, mas continuei acreditando que aquele médico
estava errado e tentei outra vez, em outro médico.
Desta vez... pior ainda, resolvi fazer uma intervenção que após
análise de prescrição tinha fundamento. Eis que passar a super vergonha em
escutar do médico: " Não posso alterar o medicamento, o paciente tem medo
de usá-lo, você não foi falar com ele? Toda a equipe sabe disso!"
E o que você fala? Fala nada né?
E no fim, a atenção farmacêutica veio para me poupar dessa
vergonha toda.
Ou seja, se você vai lidar com paciente, o conheça, é no mínimo
uma demonstração de respeito a todos envolvidos. Todos vão começar a abraçar
sua causa e confiar em você. Se você começar a olhar para o paciente nem que
seja só um pouquinho, seus resultados serão fantásticos!
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