quinta-feira, 30 de julho de 2015

POR QUE O MEDICO NÃO ACEITA O QUE FALO (2)?



O tramal das 12h induz êmese no meu paciente que está usando ondansetrona que prolonga o intervalo QT........AI MEUS DEUS POR ONDE COMEÇO ESSA CLÍNICA??????




Está perdido né???
É dificil saber por onde começar quando o paciente está com todos os problemas amarrados. Principalmente quando tudo parece importante e urgente para ser resolvido.
Quem nunca passou por isso?

Normalmente a farmácia clínica acaba virando um monstro dependendo do paciente. Vemos todos os erros e quando decidimos por onde começar, o médico nunca aceita.
Mas tem um porquê disso acontecer: você precisa desenvolver seu raciocínio clínico e utilizar uma ferramenta sistematizada, uma propedêutica.

Isso aconteceu muito comigo, e perdia muito tempo analisando 1 prescrição...até entender onde começava e terminava já tinham se passado horas, o pior era que quase nunca funcionava.
Então... resolvi fazer um teste: Comecei a analisar minhas prescrições pela classificação de PRM (Minnesota). 

Nessa ferramenta, você analisa sistematicamente os problemas relacionados dos pacientes.
Para entender melhor você tem que estudar o método, porém vou dar uma pincelada para ilustrar que facilita muuuito o trabalho do farmacêutico e você e suas intervenções se tornam mais confiáveis. Oriento procurarem pelo livro da Dr Djenane Ramalho e ler um pouco sobre o Gerenciamento da terapia medicamentosa. Quem preferir pode estudar um pouco de Dáder também. Apesar de trabalharem mais em consultórios farmacêuticos, você, como um bom farmacêutico que sei que tem foco no paciente, vai saber adaptar ao hospital.

Então vamos como aplicar os métodos no hospital.


Primeiro contato: Paciente.

Conheça seus pacientes, não tenha receio de verificar suas expectativas, medos, hábitos, porém, alguns PRMs encontrados no hospital podem não estar envolvidos com a experiência subjetiva do paciente. 

Segunda parte: Verifique todos os problemas de saúde do paciente descrito em prontuário e complemente com a  revisão de sistemas dos métodos.
Essa parte é muito importante! Neste momento você está procurando um novo problema de saúde, numa forma mais simples de dizer, fazendo também uma busca ativa da sua farmacovigilância!

Como classificar PRM?

Após verificar todos os problemas de saúde, as expectativas que podem indicar algum problema escondido, e a revisão de sistemas para verificar se algo não passou despercebido... (basicamente o resumo da primeira avaliação do método), comece a avaliar para cada medicamento os PRMs na seguinte ordem:

 PRM1 (medicamentos desnecessário): 
1a- não há indicação; 
1b- Terapia dupla; 
1c- Terapia não farmacológica indicada; 
1d- Tratamento de RAM previsível e/ou previnível; 
1e- Uso ilícito de medicamentos. 

Caso possuam um desses problemas, para cada medicamento você pode classificar somente 1 PRM e seguindo a ordem.
Ex: Paciente pode não aderir ao tratamento (PRM 7) de um medicamento que é de uso desnecessário (PRM1). Você tem que resolver o uso desnecessário primeiro, em vez de insistir no uso de algo que ele não deveria usar. Isso pode trazer muitos prejuízos.
Caso os medicamentos não possuam um destes problemas, passe para o próximo e siga na ordem abaixo até que todos os PRM por medicamentos tenham sido identificados. (simplificando:O primeiro que aparecer para aquele medicamento é que vai "contar")

PRM2 (Necessita farmacoterapia adicional): 
2a- condição não tratada;
 2b- preventiva/profilática; 
2c- sinergismo/potencialização. 

PRM3 (Necessita de medicamento/ produto diferente): 
3a- Medicamento mais efetivo disponível;
 3b- condição refratária ao medicamento; 
3c- Forma farmacêutica inapropriada; 
3d- Não efetivo para a condição. 

PRM4 (Dose Muito Baixa):
 4a- Dose errada; 
4b- Frequência Inapropriada; 
4c- interação medicamentosa; 
4d- Duração inapropriada. 

PRM5 (Reação adversa a medicamentos); 
5a- Efeito indesejável; 
5b- Medicamento inseguro para o paciente; 
5c- Interação Medicamentosa; 
5d- Administração muito rápida;
 5e- Reação Alérgica; 
5f- Contra-indicação presente. 

PRM6 (Dose muito alta): 
6a- Dose incorreta; 
6b- Frequência inapropriada; 
6c- Duração inapropriada; 
6d- Interação Medicamentosa; 
6e- Administração incorreta.

 PRM7 (Não segue as instruções): 
7a- Não entende as instruções; 
7b- Prefere não tomar;
 7c- Esquece de tomar;
 7d- Produto muito caro; 
7e- Não consegue engolir ou administrar;
 7f- Produto não disponível no mercado.

Classificação final ( exemplo)
Tramal - prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM 4
Meropenem - prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM4
Insulina - prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM3
omeprazol- prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM 3

Todos classificados, você está pronto para fazer sua intervenção de forma segura.
Explique para o médico que o paciente está com PRM, e não erro de prescrição, isso mostra que você tem uma base teórica-prática mais forte. Evolua também pela classificação:

"Paciente em acompanhamento farmacoterapêutico apresentou Problemas Relacionados a Medicamentos(PRM) do  tipo:
PRM4- Dose muito Baixa
O medicamento meropenem apresenta dose abaixo do recomendado 
Recomendação: Administrar dose pós diálise."

É só um exemplo de evolução, mas você pode colocar mais informações como dose, horário de administração etc..
 Com classificação de PRM você demonstra que está junto com a equipe para resolver os problemas e não é um auditor do médico.

Faça o planejamento para aquele paciente e avalie os resultados de acordo com o que o método propõe.
Identifique novamente os PRM, é um ciclo: você resolve, avalia, e identifica, resolve...

OK! MAS E MEUS INDICADORES?

Caso você não conseguiu visualizar :
Reconciliação medicamentosa
Interação
Farmacovigilância
Ajuste de dose
Eros de administração

Utilize as contagens de:
Reconciliação medicamentosa ( PRM 2a)
Interação ( PRM 4c,5c,6d)
Farmacovigilância (PRM 5)
Ajuste de dose (PRM 4 e 6)
Erros de administração - aprazamento, diluição, tempo de infusão:  (PRM 3b,4b, 5d, 6e) 

Além destes, você pode gerar outros indicadores.
Os números de intervenções aceitas antes e depois foram de 17% para 80%.
Ou seja, você consegue analisar tudo o que tem que analisar, olhando 1 vez para a prescrição. Não precisa ir e voltar toda hora, e ainda consegue resolver de forma sistematizada e correta os problemas encontrados gerando mais confiança na equipe.



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