O tramal das 12h induz êmese no meu paciente que está usando
ondansetrona que prolonga o intervalo QT........AI MEUS DEUS POR ONDE COMEÇO
ESSA CLÍNICA??????
Está perdido né???
É dificil saber por onde começar quando o paciente está com todos
os problemas amarrados. Principalmente quando tudo parece importante e urgente para ser resolvido.
Quem nunca passou por isso?
Normalmente a farmácia clínica acaba virando um monstro dependendo
do paciente. Vemos todos os erros e quando decidimos por onde começar, o médico
nunca aceita.
Mas tem um porquê disso acontecer: você precisa desenvolver seu
raciocínio clínico e utilizar uma ferramenta sistematizada, uma propedêutica.
Isso aconteceu muito comigo, e perdia muito tempo analisando 1
prescrição...até entender onde começava e terminava já tinham se passado horas,
o pior era que quase nunca funcionava.
Então... resolvi fazer um teste: Comecei a analisar minhas
prescrições pela classificação de PRM (Minnesota).
Nessa ferramenta, você analisa sistematicamente os problemas
relacionados dos pacientes.
Para entender melhor você tem que estudar o método, porém vou dar
uma pincelada para ilustrar que facilita muuuito o trabalho do farmacêutico e
você e suas intervenções se tornam mais confiáveis. Oriento procurarem pelo
livro da Dr Djenane Ramalho e ler um pouco sobre o Gerenciamento da terapia
medicamentosa. Quem preferir pode estudar um pouco de Dáder também. Apesar de
trabalharem mais em consultórios farmacêuticos, você, como um bom farmacêutico
que sei que tem foco no paciente, vai saber adaptar ao hospital.
Então vamos como aplicar os métodos no hospital.
Primeiro contato: Paciente.
Conheça seus pacientes, não tenha receio de verificar suas
expectativas, medos, hábitos, porém, alguns PRMs encontrados no hospital podem
não estar envolvidos com a experiência subjetiva do paciente.
Segunda parte: Verifique todos os problemas de saúde do paciente
descrito em prontuário e complemente com a revisão de sistemas dos
métodos.
Essa parte é muito importante! Neste momento você está procurando
um novo problema de saúde, numa forma mais simples de dizer, fazendo também uma
busca ativa da sua farmacovigilância!
Como classificar PRM?
Após verificar todos os problemas de saúde, as expectativas que
podem indicar algum problema escondido, e a revisão de sistemas para verificar
se algo não passou despercebido... (basicamente o resumo da primeira avaliação
do método), comece a avaliar para cada medicamento os PRMs na seguinte ordem:
PRM1 (medicamentos
desnecessário):
1a- não há indicação;
1b- Terapia dupla;
1c- Terapia não farmacológica
indicada;
1d- Tratamento de RAM
previsível e/ou previnível;
1e- Uso ilícito de
medicamentos.
Caso possuam um desses problemas, para cada medicamento você pode
classificar somente 1 PRM e seguindo a ordem.
Ex: Paciente pode não aderir ao tratamento (PRM 7) de um
medicamento que é de uso desnecessário (PRM1). Você tem que resolver o uso
desnecessário primeiro, em vez de insistir no uso de algo que ele não deveria
usar. Isso pode trazer muitos prejuízos.
Caso os medicamentos não possuam um destes problemas, passe para o
próximo e siga na ordem abaixo até que todos os PRM por medicamentos
tenham sido identificados. (simplificando:O primeiro que aparecer para aquele
medicamento é que vai "contar")
PRM2 (Necessita farmacoterapia
adicional):
2a- condição não tratada;
2b-
preventiva/profilática;
2c-
sinergismo/potencialização.
PRM3 (Necessita de medicamento/
produto diferente):
3a- Medicamento mais efetivo
disponível;
3b- condição refratária ao
medicamento;
3c- Forma farmacêutica
inapropriada;
3d- Não efetivo para a
condição.
PRM4 (Dose Muito Baixa):
4a- Dose errada;
4b- Frequência
Inapropriada;
4c- interação
medicamentosa;
4d- Duração inapropriada.
PRM5 (Reação adversa a
medicamentos);
5a- Efeito indesejável;
5b- Medicamento inseguro para o
paciente;
5c- Interação
Medicamentosa;
5d- Administração muito rápida;
5e- Reação Alérgica;
5f- Contra-indicação
presente.
PRM6 (Dose muito alta):
6a- Dose incorreta;
6b- Frequência
inapropriada;
6c- Duração inapropriada;
6d- Interação
Medicamentosa;
6e- Administração incorreta.
PRM7 (Não segue as
instruções):
7a- Não entende as
instruções;
7b- Prefere não tomar;
7c- Esquece de tomar;
7d- Produto muito
caro;
7e- Não consegue engolir ou
administrar;
7f- Produto não disponível
no mercado.
Classificação
final ( exemplo)
Tramal -
prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM 4
Meropenem
- prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM4
Insulina
- prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM3
omeprazol- prm 1, 2,3,4,5,6,7 = PRM 3
Todos classificados, você está
pronto para fazer sua intervenção de forma segura.
Explique para o médico que o
paciente está com PRM, e não erro de prescrição, isso mostra que você tem uma
base teórica-prática mais forte. Evolua também pela classificação:
"Paciente em acompanhamento
farmacoterapêutico apresentou Problemas Relacionados a Medicamentos(PRM) do
tipo:
PRM4- Dose muito Baixa
O medicamento meropenem apresenta
dose abaixo do recomendado
Recomendação: Administrar dose
pós diálise."
É só um exemplo de evolução, mas
você pode colocar mais informações como dose, horário de administração etc..
Com classificação de PRM
você demonstra que está junto com a equipe para resolver os problemas e não é
um auditor do médico.
Faça o planejamento para aquele
paciente e avalie os resultados de acordo com o que o método propõe.
Identifique novamente os PRM, é
um ciclo: você resolve, avalia, e identifica, resolve...
OK! MAS E MEUS INDICADORES?
Caso você não conseguiu
visualizar :
Reconciliação medicamentosa
Interação
Farmacovigilância
Ajuste de dose
Eros de administração
Utilize as contagens de:
Reconciliação
medicamentosa ( PRM 2a)
Interação ( PRM
4c,5c,6d)
Farmacovigilância
(PRM 5)
Ajuste de dose
(PRM 4 e 6)
Erros de
administração - aprazamento, diluição, tempo de infusão: (PRM 3b,4b, 5d,
6e)
Além destes, você pode gerar outros indicadores.
Os números de
intervenções aceitas antes e depois foram de 17% para 80%.
Ou seja, você
consegue analisar tudo o que tem que analisar, olhando 1 vez para a prescrição.
Não precisa ir e voltar toda hora, e ainda consegue resolver de forma
sistematizada e correta os problemas encontrados gerando mais confiança na
equipe.
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